Certa vez, na ilha de Creta, o rei Minos, a fim de ratificar a vontade divina de que ele era o governante legítimo, disse que os deuses atenderiam qualquer pedido seu. Deste modo, Minos rezou para Poseidon dizendo-lhe que sacrificaria, em sua honra, qualquer oferenda que o deus fizesse surgir em suas praias. Atendendo à prece, o deus dos mares criou da espuma do mar um maravilhoso touro, dócil, com chifres de ouro e cascos de bronze, que ficaria conhecido como o Touro de Creta.
O Touro de Creta torna-se um problema
Encantado com a beleza do touro, Minos resolveu que aquele animal era muito belo para ser sacrificado. Sendo assim, o rei mandou que o levassem para junto do seu rabanho particular e em seu lugar sacrificou um touro comum. Contudo, o perjúrio não passou despercebido por Poseidon. O deus, que estava ciente da troca dos touros, vingou-se duplamente de Minos.
Em seu primeiro ato vingativo o deus transformou o touro, outrora manso, em uma fera sanguinária ávida por destruição. A mudança não atingira diretamente o rei mas sim ao seu reino, porque o animal devastava plantações e atacava os cidadãos.
A segunda parte da vingança consistia em fazer com que Pasífae, a esposa do rei, se apaixonasse perdidamente pelo touro. Seu fascínio levou à concepção do monstro antropomórfico conhecido como o Minotauro.
Hércules e o Touro de Creta
A fama do touro enlouquecido correu o mundo até chegar a Micenas. Ali, o rei Euristeu ordenou que Hércules, em cumprimento dos doze trabalhos, trouxesse o Touro de Creta com vida para o seu reino. A missão não seria fácil pois havia um agravante: o herói precisaria atravessar o vasto mar Egeu trazendo a fera consigo.
Chegando na ilha de Creta, Hércules solicitou auxílio ao rei que, negando-se a ajudar, apenas concedeu permissão para a execução da tarefa. E assim o semideus iniciou seu sétimo trabalho. Após uma luta cansativa, conseguiu, por fim, capturar o touro pelos chifres.
Hércules partiu novamente através do mar Egeu e foi prestar contas à Euristeu. O trabalho havia sido concluído e o rei agora tinha nas mãos uma enorme fera.
Por fim, o rei tentou oferecer o Touro de Creta à deusa Hera, mas ela não queria nada que viesse de Hércules. Posto em liberdade, o touro percorreu a Argólida e transpôs o istmo de Corinto, indo parar na cidade de Maratona, onde passou a ser conhecido como o Touro de Maratona.
Bibliografia
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