Hércules e Folo abrem o odre de vinho dos centauros

Folo e Hércules na batalha do vinho

A luta contra os centauros da região de Foloë, enquanto estava hospedado na casa de Folo, é uma das muitas aventuras secundárias que Hércules protagonizou enquanto executava seus famosos doze trabalhos.

A fim de executar seu quarto trabalho Hércules dirigiu-se às encostas do monte Erimanto, onde deveria capturar o terrível javali que ali vivia. Porém antes de chegar ao seu destino o herói parou para passar a noite na floresta de Foloë, de onde seguiria viagem no dia seguinte.

Enquanto preparava-se para acampar, um centauro chamado Folo, que ali passava, perguntou-lhe quem era e o que fazia naquela região. Hércules prontamente lhe explicou tudo e aguardou para ver o que o centauro lhe diria. Folo lhe contou que era perigoso pernoitar ali, pois os outros centauros eram selvagens e sanguinários. Como era grande o risco de ser encontrado e sentir a fúria dos centauros, ele então ofereceu sua hospitalidade ao herói, e juntos partiram para sua caverna.

O aviso de Folo

Hércules e Folo abrem o odre de vinho dos centauros
Cerâmica: Hércules e Folo abrem o odre de vinho dos centauros.
Museu do Louvre.
Fonte: Wikimedia Commons.

Já na caverna Hércules foi presenteado com uma deliciosa carne assada oferecida por seu anfitrião, que por sua vez comia carne crua. O jantar estava ótimo, ambos conversavam alegremente, mas faltava algo para beber, então Hércules pediu se não havia ali um pouco de vinho. De fato existia um odre cheio e Folo lhe disse que o vinho dos centauros era o melhor de todos, mas não poderia abri-lo pois pertencia a todos os centauros e, certamente, o cheiro os atrairia.

Hércules desconsiderou o aviso e insistiu para que bebessem. Então, convencido de que não havia nada com o que se preocupar, Folo abriu o odre e ambos beberam. Enquanto deleitavam-se com a maravilhosa bebida, seu aroma inebriante vagou pelo ar até a saída da caverna. Por uma infelicidade do destino o cheiro chegou até os centauros que, rapidamente, reconheceram a fragrância do vinho e partiram exaltados em sua direção.

A batalha pelo vinho

Hércules combate os centauros após abrir o odre de vinho
Gravura: Hércules combate os centauros após abrir o odre de vinho, 580 a.C., Pholoe Painter.
Museu do Louvre.
Fonte: Wikimedia Commons.

Saciados pela refeição e descansando na caverna, os amigos ouviram um tropel que se aproximava. Hércules saiu para ver e identificou ao longe um horda de centauros furiosos galopando em sua direção. Sabendo que não havia como evitar o combate iminente, o herói começou a se preparar para a batalha.

A turba, que agora estava munida de tochas, troncos e até rochedos, começava a alcançar seu destino. Vendo a aproximação hostil, Hércules passou a disparar suas mortais flechas embebidas de sangue da Hidra. Os centauros que vinham mais à frente tombaram sem vida e o combate desigual prosseguiu. Contudo o número de baixas, que aumentava rapidamente, fez com que os centauros sobreviventes percebessem a incrível derrota que estavam sofrendo. Por fim, quando finalmente entenderam a gravidade da situação, bateram em retirada, seguidos de perto por Hércules que os expulsou daquela região.

Enquanto uns centauros se dispersaram em variadas direções, Nesso foi se estabelecer às margens do rio Eveno, onde passou a prestar o serviço de travessia do rio. Outro dos afugentados, Pilênor foi lavar seu ferimento nas águas do riacho Ânigro, tornando suas águas insalubres e dando-lhe um odor pútrido. Alguns centauros foram se abrigar em Mália, onde vivia Quíron, o mais sábio dos centauros. Ali a luta prosseguiu e Hércules matou Élato, cuja flecha varou o braço e atingiu Quíron que, assim como Folo, era pacífico.

O resultado do conflito

Apesar de ter sido atingido pela flecha envenenada, Quíron não morreu. De todos os centauros ele era o único imortal, sendo assim, foi condenado a viver com uma dor lancinante que vinha da ferida eternamente aberta.

Voltando ao campo de batalha, Hércules, que já estava pesaroso pelo mal que infligira à Quíron, encontrou Folo contando seus mortos. O centauro perguntava-se, enquanto recolhia os corpos, como uma arma tão simples pudera causar tamanho estrago e, distraído acabou por cortar-se acidentalmente em uma das flechas.

Hércules vira o amigo analisando a flecha e, embora gritasse para alertá-lo (e talvez esta fosse a causa do acidente), o fato é que mais uma desgraça aconteceu. O herói viu Folo cair sem vida ao chão, sem poder ajudar. Infeliz com o mal dia que tivera, Hércules sepultou o centauro amigo e prestou-lhe as honrarias fúnebres antes de deixar aquele lugar funesto e seguir com a caçada ao Javali de Erimanto.

Bibliografia

APOLODORO. Biblioteca mitológica. Edición de José Calderón Felices. 1.ed. Madrid: Akal, 1987.

BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. 1.ed. v. 3. Petrópolis: Vozes, 1987.

KURY, M. G. Dicionário de mitologia grega e romana. 8.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

STEPHANIDES, M. Hércules. Tradução de Marylene Pinto Michael. 4.ed. São Paulo: Odysseus, 2015.

Imagens

Wikimedia Commons.