Diomedes foi um semideus e rei da Trácia, seu pai era Ares, o deus da guerra, e sua mãe era a ninfa Pirene. Seus irmãos por parte de mãe eram Cicno e Licaón.
O governante dos trácios era um homem belicoso, característica herdada do deus da guerra. Quando saía para batalhar ele era a causa da perdição dos inimigos e espalhava destruição aos vizinhos.
As éguas de Diomedes
O rei orgulhava-se de possuir quatro éguas antropófagas. Os animais eram mantidos nos estábulos reais e chamavam-se Podargo, Lâmpon, Xanto e Deinos. Diomedes gostava de alimentar suas éguas com a carne dos seus inimigos derrotados. Ele também tinha o péssimo hábito de jogar aos equinos qualquer estrangeiro que por ventura aparecesse nos domínios da Trácia.
Ciente do perigo, o rei Euristeu ordenou a Hércules para que pusesse um fim às barbáries cometidas pelo outro rei. Em seu oitavo trabalho o herói deveria capturar as éguas e trazê-las a Micenas. Assim, Hércules partiu de navio, com um pequeno grupo, rumo ao reino dos bístones.
Chegando ao destino o grupo rapidamente localizou o estábulo das feras e logo traçaram um plano. Hércules iria capturar as éguas e acomodá-las no navio enquanto os demais vigiavam e lhe davam cobertura.
A captura das éguas
Os animais repousavam no estábulo, presos por grossas correntes e encaravam ferozmente o banquete que adentrava. Empunhando os grilhões, Hércules conduziu as feras com dificuldade de volta ao navio. Embora a ordem fosse para que todos ficassem vigiando, Abdero seguiu o herói com a intenção de ajudar caso fosse necessário.
Quando estavam muito próximos da nau os vigias começaram a gritar, alertando os companheiros de que o próprio Diomedes cavalgava com um pequeno exército em sua direção. Hércules, que era o mais bravo guerreiro, não teve escolha a não ser deixar as éguas sob os cuidados de Abdero, o qual já havia se oferecido para a tarefa.
Os tripulantes estavam em menor número e encontravam-se numa planície abaixo do nível do mar. A única coisa que os separava do mar eram enormes dunas de areia. Uma vez que tinham algum tempo até a chegada da tropa, começaram a cavar um canal por entre as dunas até que o mar irrompeu. Diomedes e alguns de seus homens conseguiram alcançar a grande duna antes que a água tornasse o caminho impossível, mas o resto dos guardas foram tragados pelo no novo lago que se formara.
Tendo a vantagem ao seu lado, Hércules e sua tripulação venceram facilmente o rei e seus guerreiros. Porém sua vitória teve um preço: a vida do jovem Abdero, dilacerado pelas éguas. Diomedes vendo o pesar de Hércules desdenhou do rapaz morto e por isto foi atirado às própria éguas para ser devorado. Após comerem seu dono, os animais se acalmaram e deixaram-se conduzir através mar de volta à Micenas.
A homenagem de Hércules
Antes de partir, Hércules erigiu, no local da morte de Abdero, uma cidade. Batizando-a de Abdera, a cidade ficava localizada próxima ao lago Abdero que formara-se em ocasião da luta contra Diomedes.
De volta à Argos, Hércules foi impedido de exibir as feras ao rei Euristeu que não queria os animais antropófagos em seu reino. Sendo assim, o herói libertou as éguas ao pé do monte Olimpo onde, diz-se, elas foram devoradas por seres ainda mais terríveis.
Bibliografia
APOLODORO. Biblioteca mitológica. Edición de José Calderón Felices. 1.ed. Madrid: Akal, 1987.
BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. 1.ed. v. 2. Petrópolis: Vozes, 1987.
BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. 1.ed. v. 3. Petrópolis: Vozes, 1987.
BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Tradução de David Jardim. 1.ed. Rio de Janeiro: Agir, 2015.
DANIELS, M. A história da mitologia para quem tem pressa. Tradução de Heloísa Leal. 2.ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
FRANCHINI, A. S.; SEGANFREDO, C. As 100 melhores histórias da mitologia: deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana. 9.ed. Porto Alegre : L&PM, 2007.
KURY, M. G. Dicionário de mitologia grega e romana. 8.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
STEPHANIDES, M. Hércules. Tradução de Marylene Pinto Michael. 4.ed. São Paulo: Odysseus, 2015.