Ninfas observam Ícaro após sua queda

Ícaro, um voo para a morte

Nascido na ilha de Creta, Ícaro era filho do famoso inventor Dédalo com Náucrate, uma escrava do palácio real que infelizmente falecera nos primeiros anos do filho. Sem nenhum atributo extraordinário, Ícaro não passava de um mero mortal que acompanhava o pai em seus afazeres e o ajudava.

Vivendo sob a proteção do rei Minos, Dédalo pôde dar uma vida tranquila ao filho enquanto trabalhava para o grande monarca. Contudo, todos os privilégios foram cortados quando o rei descobriu uma grande traição por parte de Dédalo. O inventor, atendendo a um pedido da filha do rei, Ariadne, havia lhe dado um novelo que ajudou o herói Teseu a fugir do labirinto após matar o Minotauro. Por causa da traição, Ícaro e seu pai foram condenados a passar o resto da vida dentro do labirinto, porém, uma vez que Dédalo era o construtor de sua própria prisão, a fuga era inevitável.

Dédalo e o filho escaparam do labirinto mas não podiam deixar a ilha, pois o rei havia aumentado a segurança de todos os portos e, sendo Dédalo uma figura conhecida, não havia possibilidade de passar despercebido. Fugiram, então, para o alto de uma colina onde ficaram a observar a paisagem enquanto arquitetavam um plano de fuga.

Ícaro voa para os braços da morte

A queda de Ícaro
Pintura: A queda de Ícaro, 1606 – 1607. Carlo Saraceni.
Fonte: Wikimedia Commons.

Inspirando-se nas aves, que eram livres para ir e vir, Dédalo começou a produzir um par de asas. Para tanto, ele e o filho passaram o dia a coletar tantas penas quanto pudessem, mesmo que precisassem abater os pássaros da ilha.

De posse da matéria prima, o inventor iniciou a confecção das asas observado de perto por Ícaro. Das maiores para as menores, uma a uma as penas foram fixadas com cera, até que, por fim formaram um belo par de asas. Era tempo de testar a invenção, sendo assim, Dédalo vestiu-as e deixou-se levar pela brisa durante um breve momento, o suficiente para atestar a eficácia das asas.

Sem perder tempo, Dédalo pôs-se a construir um par de asas para seu filho e, tão logo ficaram prontas, iniciaram os preparativos para fugir da ilha de Creta.

O conselho de Dédalo

Ninfas observam Ícaro após sua queda
Pintura: Ninfas observam Ícaro após sua queda, 1898. Herbert James Draper.
Fonte: Wikimedia Commons.

Antes de darem início a sua jornada, o pai de Ícaro lhe advertiu para que voasse sempre perto dele. Se o voo fosse demasiado baixo, a umidade do mar tornaria as asas pesadas demais e, se voasse muito perto do sol, este derreteria a cera e desprenderia todas penas.

Tendo tudo esclarecido, alçaram voo, deixando para trás Creta. Passaram por algumas ilhas como Tera, Delos, Naxos e Lebintos. Ao se aproximarem da ilha de Samos, Ícaro, que já vinha ensaiando subidas cada vez mais altas, começou a galgar o sol. Vendo a insensatez do filho, Dédalo tentou repreendê-lo, mas sem sucesso, pois o vento forte lhe impedia.

Ícaro voou tão próximo do sol que a cera de suas asas derreteu e as penas começaram a se soltar. Ele bateu os braços desesperadamente a fim de evitar a queda, mas não adiantou. O jovem caiu vertiginosamente na direção do mar Egeu, selando o seu destino com um mergulho para a morte.

Dédalo vasculhou a área até que encontrou o corpo do filho e, levando-o para a ilha de Samos, sepultou-o no complexo de ilhas que passaram a ter o nome de ilhas Icárias, bem como o mar que as circundava conhecido, dali em diante, como mar Icário.

Bibliografia

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Imagens

Wikimedia Commons.