Pasífae foi uma semideusa filha de Hélio, o deus do sol, com a náiade Perseís, uma das três mil oceânides. A famosa feiticeira Circe era sua irmã e o rei da Cólquida, Eetes, juntamente com Perses (que futuramente destronaria Eetes), eram seus irmãos.
Os filhos de Pasífae
A semideusa casou-se com Minos, o rei da ilha Creta, e, por conseguinte, tornou-se a rainha da maior ilha da Grécia. Da sua união com o rei nasceram oito filhos, sendo quatro homens e quatro mulheres. Seus filhos eram Androgeu (pivô da guerra entre Creta e Atenas), Catreu, Deucalião e Glauco. Suas filhas eram Acacalis, Ariadne (que ajudou o herói Teseu a escapar do labirinto), Fedra e Xenodice.
O filho bastardo
Pasífae teve um nono filho chamado Astério (ou Asteríon), mas este não era filho de Minos. A origem de Astério bem como sua aparência são muito peculiares, tendo raízes na ira dos deuses.
Certa vez, para garantir sua soberania, Minos pediu para que Poseidon lhe enviasse um touro que, posteriormente, seria sacrificado em sua honra. O deus atendeu seu pedido, assegurando-lhe o trono de Creta, mas o rei não sacrificou o animal e quis guardá-lo para si. A ira de Poseidon foi tamanha, que ele vingou-se fazendo com que Pasífae contraísse uma paixão incontrolável pelo bovino.
Sem saber o que fazer para tornar possível um coito com o touro, a rainha pediu ajuda ao brilhante Dédalo, que vivia na ilha àquela época. O inventor também era famoso por suas esculturas “quase vivas”, capazes de enganar meros mortais. Dédalo então construiu um vaca oca de madeira na qual a rainha poderia se abrigar. A escultura funcionou perfeitamente, enganando o touro e possibilitando a união.
O ocorrido permaneceu em segredo durante um tempo, no qual apenas Dédalo era cúmplice, mas a verdade veio à tona quando Pasífae deu à luz um filho com corpo humano e cabeça de touro. Dédalo ficaria em descrédito com o rei, mas o então chamado Minotauro teria um destino muito pior.
O sortilégio
Minos era um rei e, como tal, tinha várias aventuras amorosas que desagradavam a rainha. Assim como sua irmã Circe e a sobrinha Medéia, filha de Eetes, Pasífae também possuía poderes mágicos. Insatisfeita com a infidelidade do marido, ela lançou-lhe uma maldição. Sempre que ela a traía com outras mulheres, animais peçonhentos saíam de seu corpo e as picavam mortalmente.
A maldição só teve fim quando uma mulher chamada Prôcris deitou-se com Minos. Em troca de alguns presentes ela valeu-se de uma raiz mágica para proteger-se dos bichos venenosos e, assim, livrando-o da praga.
Bibliografia
APOLODORO. Biblioteca mitológica. Edición de José Calderón Felices. 1.ed. Madrid: Akal, 1987.
BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. 1.ed. v. 1. Petrópolis: Vozes, 1986.
BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. 1.ed. v. 2. Petrópolis: Vozes, 1987.
DANIELS, M. A história da mitologia para quem tem pressa. Tradução de Heloísa Leal. 2.ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
KURY, M. G. Dicionário de mitologia grega e romana. 8.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.